Aflição da página em branco. É manhã, geralmente consigo escrever só à noite.
Na verdade, escrever nunca foi a minha coisa. Não faço feio, não, pelo menos a ortografia e a gramática costumam ser minhas amigas. Mas nunca foi uma necessidade, algo de sentir que se quer ou precisa fazer. E sempre invejei um pouquinho impulsos criativos ou facilidades exageradas pra sentar e criar. Não me perguntem why the hell fui virar jornalista, sei que acabei virando e costumo dar conta do recado.
Mas fim de ano parece facilitar o fluxo de idéias. Tem

Ano estranho, muitas mudanças, uma perda grande e um monte de ganhos. Começou melhor impossível, en mi Buenos Aires querido. Inexplicável, perfeito, quente. E um baque estrondoso na volta, pro qual a gente nunca se prepara, por mais esperado. Voltando à vida real, por aqui, uma vida que eu não conhecia tão bem, sem a correria louca, sem o horário contado hora a hora, meio solto e desorganizado pra mim. Se funcionou, não sei, mas foi o que foi. No meio disso, TV (do lado de lá, mesmo que ninguém assistisse, mas não mais no sofá), entrevistados ótimos (talvez por isso, o jornalismo) e monografia (a minha montanha). No meio disso, as melhores amigas do mundo (que eu já tava desistindo de encontrar), o guri mais paciente do mundo (que eu sabia já ter encontrado) e a família, sempre lá. No meio disso, inconstância geminiana, certeza nenhuma e desorientação. Depois de mais tempo achando que foi um ano ruim, deixo de reclamar e assumo que foi um ano bom. Não “se encontrei”, como a Pat S., minha amiga virtual, mas acho que tô no caminho. Ou pelo menos espero que esteja.