4 de dezembro de 2008

Adeus ano velho!

Aflição da página em branco. É manhã, geralmente consigo escrever só à noite.

Na verdade, escrever nunca foi a minha coisa. Não faço feio, não, pelo menos a ortografia e a gramática costumam ser minhas amigas. Mas nunca foi uma necessidade, algo de sentir que se quer ou precisa fazer. E sempre invejei um pouquinho impulsos criativos ou facilidades exageradas pra sentar e criar. Não me perguntem why the hell fui virar jornalista, sei que acabei virando e costumo dar conta do recado.

Mas fim de ano parece facilitar o fluxo de idéias. Tem
aquele balanço de tudo o que passou, os planos e planos pro ano que vai começar, o sentimentalismo e, no meu caso, o desapego forçado. Morei aqui por bons quatro anos e meio, tá difícil de abandonar minha vidinha, minha rotina, meu prédio e, mais que tudo, minhas pessoas! Só que não era disso que eu vim falar. Foi de 2008, né?

Ano estranho, muitas mudanças, uma perda grande e um monte de ganhos. Começou melhor impossível, en mi Buenos Aires querido. Inexplicável, perfeito, quente. E um baque estrondoso na volta, pro qual a gente nunca se prepara, por mais esperado. Voltando à vida real, por aqui, uma vida que eu não conhecia tão bem, sem a correria louca, sem o horário contado hora a hora, meio solto e desorganizado pra mim. Se funcionou, não sei, mas foi o que foi. No meio disso, TV (do lado de lá, mesmo que ninguém assistisse, mas não mais no sofá), entrevistados ótimos (talvez por isso, o jornalismo) e monografia (a minha montanha). No meio disso, as melhores amigas do mundo (que eu já tava desistindo de encontrar), o guri mais paciente do mundo (que eu sabia já ter encontrado) e a família, sempre lá. No meio disso, inconstância geminiana, certeza nenhuma e desorientação. Depois de mais tempo achando que foi um ano ruim, deixo de reclamar e assumo que foi um ano bom. Não “se encontrei”, como a Pat S., minha amiga virtual, mas acho que tô no caminho. Ou pelo menos espero que esteja.